Simpósio sobre cultura e política destaca necessidade de uma arte mais engajada

Simpósio sobre cultura e política destaca necessidade de uma arte mais engajada

XII ENECULT 2016_Marco Antônio Correia_2016_28 Foto de Marco Antônio Correia

Texto de Júlia Bernardi

Na manhã desta sexta-feira, 18, no Auditório B do PAF III, o segundo dia do simpósio “Cultura e política: ativismo e movimentos em rede” discutiu o viés político das manifestações artísticas, sob a coordenação de Renata Rocha (UFBA) e Alexandre Barbalho (UECE). O evento contou com a participação da poeta Lívia Natália, da UFBA, do performer Marcos Bulhões, do Desvio Coletivo, e do cineasta Thiago Mendonça, da Cia. do Terror e do Coletivo Zagaia.

“A arte tem assumido essa função de participação da vida pública e política do país, e o motivo da gente ter seguido esse caminho foi exatamente por causa do que o Brasil está vivendo. Hoje, estamos discutindo isso e o papel dos artistas nesse processo”, explicou um dos coordenadores do simpósio, Alexandre Carvalho.

Ampliando o debate iniciado no dia anterior, que se aprofundou no assunto de midiativismo via redes sociais, o encontro hoje promoveu o que Lívia Natália chamou de artevismo. “Eu ouvi uma palavra lá em Pernambuco, em uma dessas mesas, o que eu faço é artevismo, uma arte que se compromete com a militância”, explicou.

Lívia tomou como eixo a perseguição que sofreu em um caso pessoal, após ter um poema com denúncias ao genocídio da juventude negra causada pela PM exposto em outdoor. Censurado, o poema teve grande repercussão pública e a professora é vítima de ameaças e violência até hoje. “A gente descobre que a ditadura terminou para uma parte da população, a outra parte ainda está vivenciando isso. E como é uma mulher negra falando sobre o assunto, isso toma cores muito mais fortes”, ressaltou.

Os outros dois convidados reiteraram em seus discursos a ideia apresentada por Lívia, compartilhando suas experiências no campo do cinema e da performance. Segundo Thiago Mendonça, deve-se contextualizar e entender o porquê dos atos políticos, pensando a arte como um contra-apelo à cultura.

A defesa da necessidade de fazer uma arte que não fale só de amenidades também foi apresentada por Marcos Bulhões, que analisou o impacto de suas performances do Desvio Coletivo no público e criticou a posição subserviente a que parte dos artistas se submete.

Veja como foi o primeiro dia de simpósio.

O simpósio aconteceu nos dias 17 e 18 de novembro e integrou a programação do XII Enecult. Confira todas as fotos do evento no flickr do encontro.