Simpósio Arte, Gênero e Sexualidade traz rico debate e afetividade

Simpósio Arte, Gênero e Sexualidade traz rico debate e afetividade

Texto: Mariana Kaoos

Foto: Daniel Figliuolo

Se no primeiro dia do Simpósio de Arte, Gênero e Sexualidade o debate foi rico em conteúdo e afetividade, a sua continuação na manhã dessa sexta-feira, 15, não fez por menos. O auditório da Faculdade de Comunicação da UFBA foi ocupado por uma serie de pessoas interessadas em pesquisar e praticar os temas proferidos. A discussão, direcionada pelo mestrando Marcelo de Troi, contou com a contribuição da professora da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Rosa Blanca, da produtora Adriana Prates e dos artistas Eberth Vinicius, Annie Ganzala e Malayka SN.

A DJ e produtora, Adriana Prates, apresentou seu projeto, Cabaré Drag King, ao público que ouviu atentamente sobre suas nuances, propostas e perspectivas. A grande inspiração do Cabaré foi um filme de 1986, intitulado Vera, e com direção de Sergio Toledo, onde o tema da transexualidade foi posto em pauta. Mais adiante no tempo, precisamente em 2013, após participar ativamente da Cena Queer, intervenção cultural pensada pelo bailarino e performer Eberth Vinicius, Adriana projetou então o que veio a ser chamado de Cabaré Drag King.

Seu principal mote é a discussão e desconstrução da masculinidade, bem como a derrubada do padrão dicotômico normativo e enquadrante das perspectivas identitárias. Para a produtora, a construção do gênero nada mais é que uma paródia. “O que cria o original é a imitação e a copia. Logo, por que não intervir e performar, como um pastiche mesmo, em cima disso tudo?”, comenta.

Annie também apresentou um pouco de seu trabalho de ilustração, que vem ganhado cada vez mais notoriedade nas redes sociais por tratar de temáticas raciais e de gênero. Malayka, por sua vez, falou do coletivo do qual integra, Afrobapho, e suas intervenções na cidade de Salvador. Além de passar pelas questões de gênero e sexualidade, o projeto funciona como um núcleo de produção com a juventude LGBT periférica, buscando uma maior visibilidade e inserção social da mesma. O performer afirmou que “falas nunca são suficientes, é preciso estar também nas trincheiras, na ação. O Afrobapho me vem como um alicerce de produção e enfrentamento, como uma arma poderosa nesse nosso campo de batalha social”.

Outras questões como o pertencimento da masculinidade, o local e limiar do feminino/masculino e a importância da afetividade nesse presente contemporâneo foram levantadas pela platéia que permaneceu atenta e curiosa durante toda a manhã.

O término do simpósio se deu da melhor maneira possível, com uma apresentação de Malayka SN, onde ele performou “Banho de Folhas”, música da cantora baiana Luedji Luna. Para Alice, participante do Enecult, esse espaço foi um dos mais importantes de todo o evento, pela urgência do debate. “Estamos vivendo numa sociedade em que exposições artísticas são vetadas a depender de seu conteúdo, o retrocesso em políticas de direitos humanos é gritante e, cotidianamente, os números de morte em detrimento de homofobia, transfobia, machismo, etc, são alarmantes. É somente através de simpósios como esse, trocando conhecimento e afetividades, que podemos pensar em maneiras seguras e potentes de intervir e balançar as estruturas hegemônicas e normativas da sociedade brasileira”.

O Simpósio Arte, Gênero e Sexualidade foi pensado e produzido pelo professor Leandro Colling e pelo mestrando em Cultura e Sociedade, Marcelo de Troi.

Veja aqui o que rolou no primeiro dia.

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