Questões de gênero e política são temas de relatos de experiência em último dia do XII Enecult

Questões de gênero e política são temas de relatos de experiência em último dia do XII Enecult

LizSantana_Enecult_181115_75Fotos de Liz Santana

Texto de Jéssica Carvalho

Um auditório formado majoritariamente por mulheres foi o palco dos Relatos de Experiência “Mulher e Política: tensões de gênero”, realizados na tarde desta sexta-feira, 18, último dia de programação do XII Enecult – Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura. Mediado pelas professoras Linda Rubim (UFBA) e Fernanda Argôlo (UFBA), o encontro contou com a participação da deputada federal Alice Portugal, da representante do Movimento de Mulheres Francisca Ribeiro e da vereadora Marta Rodrigues, que compartilharam suas experiências na política.

A deputada Alice Portugal destacou a importância de se discutir a participação da mulher nos diversos segmentos da sociedade, sobretudo no campo político, em um momento desfavorável à luta de gênero. A deputada referiu-se à saída da ex-presidenta Dilma Rousseff, primeira mulher a ocupar um cargo de presidente no país, como uma retração de direitos, em especial, das novas gerações. “Esta é a hora do debate. A luta é ampla e se dá em diversas frentes, pois as mulheres estão em permanente tensão de gênero. Estamos reagindo nas mais variadas formas e o papel da academia é verificar qual o vértice, a direção”, considerou.

Experiência

“Para nós, mulheres, é preciso ter sangue para fazer política. Se não tiver, não faz”. Foi com essa frase que a representante do Movimento de Mulheres, Francisca Ribeiro, sintetizou a sua experiência na política. A ex-prefeita relatou as dificuldades enfrentadas ao longo de seu governo na cidade de Carinhanha. “Machismo, principalmente, que é uma questão cultural e que vem da formação que o pai e o avô deram. Isso passa de geração a geração, através de um discurso que diz que a mulher não é capaz”, afirmou. As dificuldades também foram reconhecidas pela vereadora Marta Rodrigues. “Enfrentamos tensões em casa, no parlamento, na academia, em todos os espaços. E é isso que nos estimula a realizar esse debate”, garantiu.

A professora Linda Rubim explicou que os relatos realizados ao longo da programação do XII Enecult foram uma forma de quebrar as tradições de reflexão acadêmica, através das relações do cotidiano. “Pensamos esse relato, em especial, para atender uma agenda social que está no Brasil e em toda a sociedade. O campo da política está infestado de questões de gênero, mas nunca se teve notícia de que elas tenham sido tão enfáticas como nos últimos meses”, afirmou a professora.

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Mais de 50 pessoas estiveram presentes no debate. Tatiane Almeida, estudante de Pós-Graduação em Literatura e Cultura da UFBA, considerou importante a discussão. “É algo atual e que, geralmente, não ganha espaço nos eventos. É fundamental discutir, pois, apesar de ser uma problemática antiga, a participação das mulheres na política é muito pouco debatida”, reconheceu.

O XII Enecult aconteceu entre os dias 15 e 18 de novembro, em Salvador. Confira todas as fotos do evento no flickr do encontro.

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