Fórum discute cenário audiovisual no Nordeste e na Bahia

Fórum discute cenário audiovisual no Nordeste e na Bahia

Foto de Dan Figliuolo

Texto de Morgana Gama

Durante a tarde do dia 15 de setembro, no auditório do PAF III, foi realizado o Fórum de Pesquisadores – Política Audiovisual – Nordeste, sob a coordenação de Filipe Brito (Universidade Estadual do Sudoesta da Bahia – UESB) e André Araújo (Universidade Federal da Bahia – UFBA). O Fórum reuniu quatro pesquisadores do segmento de políticas para o audiovisual que, através de pesquisas e  sistematização de dados, apresentaram um panorama da produção audiovisual no Nordeste e no estado da Bahia.

Erick Sachetto Krulikowski, sócio-diretor da empresa de consultoria iSetor, com experiência em gestão executiva de projetos e negócios nas áreas da cultura, apresentou dados relacionados ao público de audiovisual no Brasil, desde a frequência em salas de cinema, audiência em televisão paga, consumo de publicidade e VOD (Video on Demand), tendência com perspectiva de crescimento no Brasil. Segundo o pesquisador, em termos de captação de recursos, a Bahia já teve acesso a 34 milhões (2,7% do valor disponibilizado pelo Fundo Setorial do Audiovisual – FSA), no entanto, os níveis de produção e desempenho no setor audiovisual ainda são considerados baixos quando comparados ao eixo de produção Rio-São Paulo. Com o fim de compreender esse cenário, foi realizada uma pesquisa com 101 produtoras baianas (das 311 registradas junto à Agência Nacional de Cinema – Ancine) cujos dados indicaram deficiências como a falta de parcerias (coproduções), baixo índice de especialização na equipe de profissionais, entre outros fatores que  dificultam o desenvolvimento das empresas.  Para o pesquisador, é preciso estimular as parcerias em nível local e regional para que o mercado baiano se torne mais competitivo e consiga aproveitar os benefícios oferecidos pela Ancine.

Marcelo Ikeda, professor do curso de Cinema e Audiovisual, da Universidade Federal do Ceará (UFC), ressaltou a importância do processo de pesquisa e levantamento de indicadores para a formulação de políticas públicas no setor de audiovisual, sobretudo diante da dinâmica de descontinuidade própria à gestão pública. Formado em Economia, Ikeda relatou que durante o período em que trabalhou na Ancine (2002 a 2010) ajudou a montar uma metodologia de coleta de dados e fez uma avaliação do impacto das políticas públicas ao longo desses anos, resultando no livro Cinema brasileiro a partir da retomada: aspectos econômicos e políticos (Editora Summus, 2015). Em 2011, fez parte do estudo Cartografia do Audiovisual Cearense, publicação que, segundo ele, teve um desdobramento importante no setor, com a criação da Câmara Setorial do Audiovisual Cearense, entre outras ações. A partir de sua experiência com a interpretação de dados, ele pensa que a avaliação quantitativa deve ser acompanhada por uma avaliação qualitativa observando também que tipo de filmes são produzidos e o que eles geram como valor simbólico.

Em seguida, a palavra esteve com Ruy Alkmim, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) com uma reflexão baseada no livro Claquete Potiguar – Experiências audiovisuais no Rio Grande do Norte (2016), publicação que reúne informações históricas do cinema produzido no estado do Rio Grande do Norte, iniciado ainda na era do cinema mudo e com ascensão nas décadas de 1970 e 1980 com produções como: Boi de prata (Carlos Augusto Ribeiro Jr., 1981) e Jesuíno brilhante, o cangaceiro (William Cobbett, 1972). Segundo o professor, a partir dos anos 2000, a introdução de novas tecnologias e a criação de cursos de cinema, audiovisual e radialismo contribuiu para o fortalecimento da produção audiovisual no estado.

Encerrando o ciclo de exposições, André Araújo, um dos coordenadores do NordesteLab, iniciativa que reúne diversos agentes da cadeia produtiva atuantes no Nordeste, ressaltou a importância de espaços de interlocução sobre o cenário audiovisual, tanto para incentivar a produção de novas pesquisas, quanto para a criação de políticas públicas no setor, sobretudo, tendo em vista as descontinuidades da gestão pública e a escassez de estudos no ambiente acadêmico. Em seguida, o pesquisador apresentou dados de investimentos públicos feitos no segmento audiovisual baiano, de 2008 a 2016 (116, 9 milhões), oriundos de diferentes fontes e mecanismos de fomento (municipal, estadual e federal), demonstrando a falta de estabilidade, pela oscilação de valores ao longo dos anos, e a predominância de recursos federais (70%). Segundo André, a proposta dessa pesquisa é promover uma atualização dos dados existentes, sendo a primeira etapa voltada para uma avaliação dos valores investidos por segmento (produção, distribuição, exibição, formação, memória, pesquisa, etc.) e por região (capital e interior), e a segunda direcionada para avaliar ações de difusão e circulação das obras produzidas.

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