Diálogo sobre a desconstrução do saber universitário é tema de segundo dia de simpósio

Diálogo sobre a desconstrução do saber universitário é tema de segundo dia de simpósio

XII ENECULT 2016_Marco Antônio Correia_2016_84Fotos de Marco Antônio Correia

Texto de Marcela Carvalho

O segundo dia do simpósio Descolonização do Conhecimento e Diversidade – e último dia do XII Enecult –, nesta sexta-feira, 18, foi marcado por troca de experiência, conhecimento e apresentações de dança, canções e ciranda. O encontro, que aconteceu no Teatro Experimental da Escola de Dança da UFBA, reuniu mais de 70 pessoas e foi coordenado por Clélia Neri Cortes (UFBA) e José Márcio Barros (UEMG/ODC).

O tema mais discutido entre os participantes foi a desconstrução da estrutura universitária e o questionamento acerca do padrão institucional desse ambiente frente às necessidades dos povos indígenas, dentre outros povos, que há anos já integram o corpo discente da universidade em âmbito baiano.

Com a presença dos povos indígenas e quilombolas na universidade, a antropóloga e pesquisadora (PINEB/UFBA) Ana Cláudia Souza destacou: “Desde 2005, acompanho o ingresso de estudantes indígenas e quilombolas na universidade. Como experiência, (esse ingresso) foi relevante e significativo, sobretudo para a UFBA”, afirmou. Para ela, entretanto, a universidade pensa muito o conteúdo de forma compartimentada, especialista. “Deve-se modificar a estrutura de pensamento da universidade e como ela constrói o seu conhecimento”, completou.

O índio Taquari (Quilombo Kaonge), graduado em Ciências Sociais, complementou: “Quando estamos na universidade, não é Taquari que entra na universidade, é minha tribo que entra na universidade. Porém, a universidade ainda é muito individualista, entramos em choque, porque somos muito coletivos”.

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Entre os diálogos, José Márcio Barros (UEMG/ODC) contribuiu acerca do saber científico na universidade. Para ele, o problema é a tendência ao disciplinamento e à intolerância. Sobre a divergência entre o falar e o fazer, inserida nas discussões acerca dos impasses enfrentados por quem pensa a universidade, José Márcio constatou: “A palavra é uma forma de ação. Desde ontem, nós estamos exercitando a palavra como forma de ação: ação que nos une, que nos torna mais sensíveis”.

Para Clélia Neri Cortes, o encontro foi além de uma discussão teórica sobre descolonização do conhecimento e diversidade. “Foi também um entendimento, a partir de Silvia Rivera, que é uma teórica boliviana nessa perspectiva, de que a descolonização do saber tem que passar também pelas práticas”, afirmou. “Por isso, em termos metodológico, escolhemos as rodas de compartilhamento de saberes”, completou.

Saiba como foi o primeiro dia de simpósio.

O encontro se destacou também pela valorização das expressões – tanto orais, quanto corporais. O simpósio aconteceu nos dias 17 e 18 de novembro e integrou a programação do XII Enecult. Confira todas as fotos do evento no flickr do encontro.